Páginas

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Encontrados micróbios com centenas de milhares de anos que vivem no limite entre a vida e a morte.


Foi encontrado no Oceano Pacífico seres microscópicos que são tão lentos na absorção de nutrientes em seu ambiente que mal podem ser classificados como vivos.

Paradoxalmente, no entanto, eles também podem estar entre os organismos mais antigos já encontrados na Terra.

Os seres vivos foram encontrados no Giro do Pacífico Norte, um dos cinco maiores giros oceânicos do mundo. As areias e lamas dos continentes raramente chegam até lá, então, o fundo é formado por sedimentos acumulados a uma taxa muito lenta.

A argila encontrada localizava-se apenas 30 metros abaixo da superfície, datada de 86 milhões de anos, 20 milhões de anos antes do reinado do Tyrannosaurus rex.

A argila continha pouquíssima energia sob a forma de nutrientes, o que deveria ser incapaz de sustentar a vida. Os micróbios foram encontrados em outras comunidades ricas de nutrientes em outros pontos do mesmo local.

Em uma tentativa de aprimorar os limites da vida, Hans Roy da Universidade de Aarhus na Dinamarca, analisou as argilas abaixo do Giro do Pacifico Norte sob o microscópio, constatando que a comunidade era formada por bactérias e organismos unicelulares chamados arqueas em um número extremamente pequeno.



Existem apenas 1.000 células minúsculas em 1 centímetro cúbico de sedimento, o que significa encontrar uma agulha num palheiro”, comentou Roy.


O pesquisador dinamarquês Hans Roy abrindo uma amostra de lama com milhões de anos. Foto: Reprodução/Bo Barker Jorgensen/Science

Os micróbios dependem de oxigênio, carbono e nutrientes em seu ambiente natural para sobreviver, mas a equipe de Roy descobriu que o carbono usado por esses organismos é tão limitado que as células respiram oxigênio 10 mil vezes mais lento do que as bactérias em culturas de laboratório.
Roy acredita que a comunidade microbiana é tão escassa e as taxas metabólicas tão baixas que os níveis de nutrientes, provavelmente, representam o mínimo do mínimo necessário para manter as enzimas celulares trabalhando no DNA. “Parece que chegamos ao limite absoluto do menor metabolismo possível das células”, diz ele.
Um pesquisador chamado Yuki Morono da Agência Científica Japonesa de Mar, Ciência e Tecnologia em Nankoku, Japão, estudou recentemente comunidades semelhantes, afirmando que os organismos parecem mortos, se forem comparados com as escalas de tempo convencionais.
Morono relatou que, apesar de parecerem mortas, quando são expostas em ambientes com pura glicose, as bactérias assimilam rapidamente os nutrientes, mostrando que estão vivas, apenas possuindo um metabolismo inacreditavelmente lento.
Roy diz que a expectativa de vida desses organismos é extremamente alta. Como o metabolismo é baixíssimo, a energia necessária para multiplicação, levaria centenas ou milhares de anos para uma célula se dividir, formando duas. O estudo sugere que as arqueas encontradas podem ter centenas de milhares de anos.
Segundo Roy, elas podem ser ainda mais antigas do que as previsões mais pessimistas. Nascomunidades extremamente pobres em energia, a reprodução não parece fazer sentido, porque você criaria rivais para consumir o pouco alimento que existe.
Se você mal cumprir suas exigências energéticas necessárias, seria suicídio se dividir em dois”, comentou Roy. O pesquisador imagina que, ao contrário de gastar energia em divisões celulares, as arqueas usam a energia disponível para reparar danos moleculares que ocorrem ao longo dos séculos. O pesquisador salientou que a ciência não sabe quase nada sobre organismos que vivem com taxas de energia tão baixas, representando um novo desafio para a ciência e abrindo um caminho para que pesquisadores sonhem com a busca pela vida em outros planetas.



Nenhum comentário:

Postar um comentário