Foi
encontrado no Oceano Pacífico seres microscópicos que são tão lentos na
absorção de nutrientes em seu ambiente que mal podem ser classificados como
vivos.
Paradoxalmente,
no entanto, eles também podem estar entre os organismos mais antigos já
encontrados na Terra.
Os seres
vivos foram encontrados no Giro do Pacífico Norte, um dos cinco maiores giros
oceânicos do mundo. As areias e lamas dos continentes raramente chegam até lá,
então, o fundo é formado por sedimentos acumulados a uma taxa muito lenta.
A argila
encontrada localizava-se apenas 30 metros abaixo da superfície, datada de 86
milhões de anos, 20 milhões de anos antes do reinado do Tyrannosaurus rex.
A argila
continha pouquíssima energia sob a forma de nutrientes, o que deveria ser
incapaz de sustentar a vida. Os micróbios foram encontrados em outras
comunidades ricas de nutrientes em outros pontos do mesmo local.
Em uma
tentativa de aprimorar os limites da vida, Hans Roy da Universidade de Aarhus
na Dinamarca, analisou as argilas abaixo do Giro do Pacifico Norte sob o
microscópio, constatando que a comunidade era formada por bactérias e
organismos unicelulares chamados arqueas em um número extremamente pequeno.
“Existem
apenas 1.000 células minúsculas em 1 centímetro cúbico de sedimento, o que
significa encontrar uma agulha num palheiro”, comentou Roy.
O pesquisador dinamarquês Hans Roy abrindo uma amostra de lama com milhões de anos. Foto: Reprodução/Bo Barker Jorgensen/Science
Os
micróbios dependem de oxigênio, carbono e nutrientes em seu ambiente natural
para sobreviver, mas a equipe de Roy descobriu que o carbono usado por esses
organismos é tão limitado que as células respiram oxigênio 10 mil vezes mais
lento do que as bactérias em culturas de laboratório.
Roy acredita
que a comunidade microbiana é tão escassa e as taxas metabólicas tão baixas que
os níveis de nutrientes, provavelmente, representam o mínimo do mínimo
necessário para manter as enzimas celulares trabalhando no DNA. “Parece que
chegamos ao limite absoluto do menor metabolismo possível das células”, diz
ele.
Um
pesquisador chamado Yuki Morono da Agência Científica Japonesa de Mar, Ciência
e Tecnologia em Nankoku, Japão, estudou recentemente comunidades semelhantes,
afirmando que os organismos parecem mortos, se forem comparados com as escalas
de tempo convencionais.
Morono
relatou que, apesar de parecerem mortas, quando são expostas em ambientes com
pura glicose, as bactérias assimilam rapidamente os nutrientes, mostrando que
estão vivas, apenas possuindo um metabolismo inacreditavelmente lento.
Roy diz
que a expectativa de vida desses organismos é extremamente alta. Como o
metabolismo é baixíssimo, a energia necessária para multiplicação, levaria
centenas ou milhares de anos para uma célula se dividir, formando duas. O
estudo sugere que as arqueas encontradas podem ter centenas de milhares de
anos.
Segundo
Roy, elas podem ser ainda mais antigas do que as previsões mais pessimistas.
Nascomunidades extremamente pobres em energia, a reprodução não parece fazer
sentido, porque você criaria rivais para consumir o pouco alimento que existe.
“Se
você mal cumprir suas exigências energéticas necessárias, seria suicídio se
dividir em dois”, comentou Roy. O pesquisador imagina que, ao contrário de
gastar energia em divisões celulares, as arqueas usam a energia disponível para
reparar danos moleculares que ocorrem ao longo dos séculos. O pesquisador
salientou que a ciência não sabe quase nada sobre organismos que vivem com
taxas de energia tão baixas, representando um novo desafio para a ciência e
abrindo um caminho para que pesquisadores sonhem com a busca pela vida em
outros planetas.
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